Qual a diferença entre carne de sol e charque?

A diferença entre carne de sol e charque está nos processos de cura e na quantidade de sal utilizada. Aqui estão as principais diferenças:

  • Carne de sol: É feita com carne de bode ou boi, cortada em mantas e levemente salgada. Depois, é colocada para descansar em lugares ventilados até secar pelo lado de fora. A carne de sol é tradicional do nordeste brasileiro e do norte-nordeste mineiro, regiões de clima seco e quente, que favorecem o processo de cura. A carne de sol é mais suculenta e macia devido à menor quantidade de sal utilizada.

  • Charque: É uma carne salgada, mas não tão industrial quanto a carne-seca. Seu uso é parecido com o da carne-seca: você dessalga e usa em preparo de receitas. O charque é feito com cortes bovinos e é típico da região Sul. Ele recebe uma camada de sal de forma mais uniforme.

Ambas as carnes são curadas com sal para fins de conservação, mas o processo e a quantidade de sal variam. A carne de sol é mais artesanal e menos salgada, enquanto o charque é mais industrial e salgado.

Característica Carne de Sol Charque
Processo de cura Leve desidratação, salgação e cura em locais ventilados Cura com sal e secagem em locais ventilados, pode ser feito acima de uma fogueira de lenha para adicionar sabor a fumaça
Quantidade de sal Menor quantidade de sal Maior quantidade de sal
Textura Mais suculenta e macia Mais dura e menos suculenta
Uso culinário Comumente usada em preparações cozidas e farofas Pode ser assada e servida como uma carne mais artesanal
Região de origem Típica do Nordeste e Norte-Nordeste do Brasil Típica do Sul do Brasil

Quais são os cortes de carne mais comuns para fazer charque?

Os cortes de carne mais comuns para fazer charque no Brasil são:

  1. Picanha: É um corte muito popular nas churrascarias e é conhecido por sua maciez e sabor. A melhor parte da picanha é a ponta;
  2. Cupim: Localizado na corcova dos bois zebuínos e de seus cruzamentos, é caracterizado pela gordura entremeada, que lhe confere sabor e maciez. É muito usado em churrascos;
  3. Alcatra: É um corte bovino que pode ser usado para fazer charque, embora seja menos comum que a picanha e o cupim;
  4. Maminha: Outro corte bovino que pode ser usado para fazer charque, mas é menos comum que os cortes mencionados acima;

É importante ressaltar que a escolha do corte de carne adequado para fazer charque depende das preferências pessoais e do tipo de textura e sabor desejado no final do processo.

Como é feita a cura da carne de sol?

A cura da carne de sol é um processo de conservação da carne que envolve salga e desidratação. Embora o nome sugira que a carne seja exposta ao sol, atualmente, o processo é feito em local coberto e ventilado.

A carne de sol é geralmente preparada com cortes bovinos de primeira, como coxão mole, coxão duro, patinho e lagarto. Aqui estão os passos para fazer a cura da carne de sol:

  1. Escolha dos cortes: Selecione cortes bovinos de primeira para a preparação da carne de sol;
  2. Salga: Aplique uma camada de sal nos cortes de carne, fazendo pequenas perforações para que o sal penetre melhor;
  3. Água salmoura: Mergulhe os cortes de carne em água salmoura após a salga;
  4. Desidratação: Exponga a carne ao ar em um local coberto e ventilado, permitindo que ela seque gradualmente;
  5. Armazenamento: Guarde a carne de sol em um local fresco e seco, onde possa ser conservada por um longo período;

A carne de sol é uma opção de alimento nutritiva e rica em proteínas, sendo consumida em todo o Brasil, principalmente na região nordeste.

Pode ser usada em diversas receitas, como arroz carreteiro, feijão tropeiro, virados, escondidinho, bolinhos e caldos.

Qual é a origem histórica do charque?

A origem histórica do charque no Brasil remonta ao século XIX, quando era utilizado como alimento para escravos da cafeicultura em todo o país e para as camadas pobres da população livre, pois era barato e não exigia refrigeração.

O charque era quase exclusivamente produzido no Brasil, com concorrência do Uruguai e da Argentina. Até o final do ciclo do charque, o Rio Grande do Sul era o maior produtor de charque do Brasil.

A palavra "charque" tem sua origem no quíchua, "ch'arki". Na região andina da América do Sul, na era pré-colombiana, já existia um preparo de carne desidratada, com características de liofilizada, devido às condições atmosféricas do altiplano.

Os cortes utilizados eram de lhama ou outros animais. No Brasil, a carne-seca, que inclui o charque, surgiu na região Nordeste nos primórdios da colonização. Os principais mercados consumidores eram Pernambuco e Bahia.

A carne-seca foi o primeiro tipo de carne desidratada produzido no Brasil, seguida pelo charque, que teve seu início na produção no Nordeste do país.

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